No dia 30 de outubro de 1990 nascia na maternidade Evangelina Rosa, em Teresina, capital do Piaui, o irmão que eu tanto tinha pedido aos meus pais desde que havia aprendido a falar. Apos muita birra da minha parte, que queria dar-lhe um nome de algum anime japones da época (jaspion, jyraia, jiban, etc), tinha ficado decidido que o garoto se chamaria Ian Nicolas. Acho que Deus nao poderia ter me dado um irmao melhor do que esse...acho que seria impossível que ele colocasse outra pessoa no meu caminho que se desse tão bem comigo como você,meu irmão. Esse é o primeiro dia 30 de outubro que passo longe de casa. É o seu primeiro aniversário que nao vou poder te dar um abraço.E o peito do gordim aqui tá apertado de saudade. Mas quero que saiba que estou aí com você, nao só hoje, mas sempre! Com o pensamento, e principalmente com o coração. Muitas felicidades, muito juizo, muita saúde! te amo demais,cara!!
Essa é pra voce:
"Two of us riding nowhere Spending someone's Hard earned pay You and me Sunday driving Not arriving On our way back home We're on our way home We're on our way home We're going home"
A Festa das Latas, ou Latada, é uma festa que ocorre em outubro de todos os anos na cidade de Coimbra. Depois de praticamente dois meses de sofrimento, os caloiros sao submetidos finalmente à "humilhação" mor, que é o objetivo da Latada. Esse ano a Latada teve abertura na meia noite do dia 22 de outubro(de quarta para quinta-feira), com uma serenata no monumento à D. Dinis. A partir de então, há festa todas as noites no Recinto, que é uma estrutura que eles montam do outro lado do rio Mondego, com uma tenda grande, praça de alimentação e palcos(uma coisa que lembra muito o Piaui Pop).
Na terça-feira, tradicionalmente não há nenhuma aula na universidade no turno da tarde, pois a cidade pára pra ver o Cortejo: os caloiros são vestidos ridiculamente das mais variadas fantasias e desfilam pelas ruas da cidade com latas amarradas aos seus pés, acompanhados sempre de um carrinho de supermercado carregado da maior quantidade de alcool possivel, e das maiores marmotas (in)imagináveis. Cada curso tem uma fantasia padrão para os seus caloiros. E assim assistimos ao desfile de Ipods, Tomb Raiders, Joaninhas, Virus H1N1, Vademecums e etc. Do desfile, eles emendam direto para o Recinto e a festa dura até de manhã. A animação durante o percurso é contagiante, parece carnaval de rua. Os portugueses então se tornam bem mais simpáticos( o que é raro por aqui) e chegam até a serem engraçados.
Achei uma festa fantástica, um banho de história, tradição (e de boemia,hehe). Penso que é uma festa impraticável no Brasil. Imagino que a festa seria mais animada, pois existiriam carros de sons tocando música ao invés de portugueses cantando hinos do curso e da faculdade, porém, certamente as garrafas de vidro voariam pelos ares em algumas milhares de brigas. As ambulancias aqui servem somente para recolher os bêbados, já que a violência tende a zero durante esses eventos. Isso é incrível!
Hoje, 22 de outubro de 2009, completa exatamente um mês que colocamos nossos pés pela primeira vez em Coimbra, Portugal. Um mês que 6 "comedores de bode" atravessaram o atlantico para se aventurar num mestrado nas terras de Camões. Duas sensações coexistem na minha cabeça: a de que esse primeiro mês passou voando, e a de que "parece que foi ontem". Parece que era ontem que eu estava em São Luis, batendo cabeça com milhoes de processos na CAEMA, pegando pressão de todos os lados, mas ganhando meu salario certinho no fim do mês. Parece que foi ontem que eu estava em Teresina sob um sol de 40 graus, perto da minha família e dos meus amigos. Parece que passou voando, pois as ruas pra mim já se tornaram familiares, e meu quarto ja se tornou confortável ao passo que me permite dizer "tô indo pra casa". Parece que passou voando...
Esse fim de semana alugamos 2 carros, juntamos 10 brasileiros e caímos na estrada pra conhecer cidades proximas à Coimbra. O Roteiro foi traçado em busca de Castelos, mosteiros e mais coisas históricas. Saímos sábado 9 da manhã num frio congelante guiados pela Maria (nome carinhosamente dado ao GPS português alugado que nos fez dar mil voltas em vão) sob a seguinte formação: Carro A - Andre(motorista), Berto, Isabella, Moema e Naihd. Carro B - Yuri(motorista), Arthur, Emanuel, Sarah e Alice. Logo no primeiro trecho da viagem, o carro B se desvencilhou e se perdeu pela primeira vez. Mas depois da brilhante ideia de amarrar uma minúscula fitinha roxa no carro A, tais imprevistos nao mais ocorreram haha Em Pombal, ha apenas as ruínas de um mini Castelo. Devia ter um rei muito fulero vivendo ali... Mas turista que é turista nao perde a oportunidade de tirar foto. E eu ainda escalei um pedaço do muro pra tirar uma. Medão! Clique aqui pra ver
Saímos de Pombal e fomos à Batalha. Ja na entrada da cidade avistamos a ENORME construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitoria. DIz a historia que o predio foi construido em comemoração à vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota. O predio tem 90m de altura e suas obras iniciaram no séc. XII. É Impressionante o detalhismo desses lugares, pois cada canto de parede tem um significado. Clique aqui
Feitas estas visitas, parada pro almoço. Enquanto todos pagavam 8 euros por um almoço num restaurante das redondezas, meu espirito de farofeiro-economizador falava mais alto: sentei na praça e retirei da minha mochila os sanduiches que havia preparado na noite anterior. Os sanduiches estavam gelados, mas a fome era muito maior do que a vontade de gastar dinheiro. E assim eu almocei dois sanduiches de queijo,presunto,salame e tomate acompanhados por um suco de laranja de caixa(do PINGO DOCE,óbvio!!!) e finalizei com uma sobremesa(biscoito de chocolate do pingo doce).
Seguimos rumo à Alcobaça para a visita de mais um mosteiro. O primeiro mosteiro de Portugal. Esse, no entanto, não era tão belo quanto o de Batalha, mas nao deixa de ser muito bonito. Veja aqui
Fomos então à Leiria, com o único intuito de dormir. Ledo engano: Leiria é um lugar muito bacana. A começar pela pousada da juventude, que funcionava num prédio histórico com vista para o castelo.Veja aqui Durante a noite demos uma volta pela cidade, que é bastante movimentada e além disso tem várias praças muito bonitas, como voces podem ver aqui e aqui . Acordamos bem cedo e fomos ao castelo da cidade. Escalei outra parede pra mais uma foto. Voltamos à Estrada, dessa vez com Destino à Cidade de Tomar, sede do Castelo dos Cavaleiros Templários e do Convento de Cristo. Beleza pouca é besteira!! Pausa para o almoço. Dessa vez o farofeiro não tinha suprimentos em sua mochila, tendo que desembolsar 6,50 euros por um almoço que incluia sopa, lombo assado com batata frita, refrigerante e sobremesa. Valeu a pena pra mim que escolhi o lombo assado. Ja pra quem se aventurou no "choco" grelhado o dinheiro nao foi bem gasto. Depois do almoço fomos então finalizar a viagem na cidade de Fátima . A magnitude do lugar é chocante. Um a igreja gigantesca, com milhares de fiéis. Gente chorando, gente se ajoelhando. Essas cenas me fizeram mal...acho que as pessoas ao inves de se punirem com promessas ridiculas poderiam fazer trabalhos voluntários de ajuda a quem realmente precisa. Deus acharia bem mais interessante, mas talvez a igreja não...De qualquer forma, é uma construção bastante interessante. Recebi um folheto contando a historia da Nossa Senhora de Fatima. Dizia o folheto que ela apareceu para 3 crianças e ORDENOU que fosse construido um templo em sua homenagem. Acredita quem quer né? Fazer o que...Depois disso tomamos o caminho de volta à Coimbra.
Ja disse outras vezes, mas nao me cansa repetir que estar nesses lugares mexe com minha cabeça. Me faz refletir sobre a história, sobre a vida, sobre conceopções de mundo et al. Quando entrava num castelo me vinha à cabeça como seria a vida das pessoas naquele lugar, naquela época, naquele contexto... isso vai abrindo meus horizontes a cada dia que passa. Outra coisa que vale ressaltar é a condição em que as cidades portuguesas se encontram. Um país que foi muito rico, e foi o centro do mundo durante um bom tempo. É disso que ele sobrevive. Digo isto por que dá pena ver o estado dos monumentos.Totalmente mal conservados...dá a impressão de que daqui ha 100 ou 200 anos vao deixar de existir. Faz pena mesmo.
"Deep inside the silence staring out upon the sea the waves are washing over half forgotten memory
Deep within the moment laughter floats upon the breeze rising and falling dying down within me and I swear I never knew, I never knew how it could be and all this time all I had inside was what i couldn't see I swear I never knew, I never knew how it couldn't be all the waves are washing over all that hurts inside of me
Beyond this beautiful horizon lies a dream for you and i this tranquil scene is still unbroken by the rumours in the sky but there's a storm closing in voices crying on the wind the serenade is growing colder breaks my soul that tries to sing and there's so many many thoughts when I try to go to sleep but with you I start to feel a sort of temporary peace
De manhã "cedo"(aqui poucas coisas funcionam antes das 9 da manhã. Enquanto no Brasil o horario geralmente vai de 8 as 18, aqui é de 9 as 19), encarei um frio que me pegou de surpresa. O peito e os braços estavam protegidos pelo casaco, mas o vento frio que batia no meu rosto dava a sensação de congelamento. Mas durante a tarde o sol apareceu com disposição. Tá chegando o inverno, e aí vai ser a hora dos cachecóis e gorros.
Hoje tivemos um episódio que me relembrou os tempos de UFPI. Me lembrei do Nelson Nery brigando por uma sala que era nossa nos corredores do CCHL. Aqui aconteceu a mesma coisa! Ocuparam a nossa sala, melhor dizendo, do Doutor Gomes Canotilho. Mas o problema foi facilmente resolvido: ele entrou, e o outro professor imediatamente saiu. Moral pouca é com ele mesmo. Tivemos também a primeira apresentação feita por alunos da classe. 3 "raparigas "apresentaram a leitura de uns textos. Achei que o dr. Canotilho foi até benevolente demais com elas (disseram que ele era o maior carrasco). Mas tbm desconfio que ele amoleceu pq eram belas "raparigas". Mas quem nao amoleceu de jeito nenhum foi a classe. Não rola aquele corporativismo dos tempos de graduação não. Nêgo pergunta e pergunta é com gosto. Coisas do texto, fora dele e até conclusões próprias. Não adianta chegar lá e repetir tudo que tem no texto não. O negócio é tenso!
Consegui comprar uma passagem promocional para Barcelona. 2 CENTIMOS ida e volta!! Se o meu cartão de crédito fosse Visa Electron não pagaria os 10 euros de taxa. Mas saiu muito em conta: ida e volta pra Barcelona por 10,02 euros! Vou no dia 12 e volto no dia 17 de novembro. Ja tou empolgadaço aqui traçando o roteiro da viagem! Arthur tava pensando em ir, mas caso não dê certo, vou sozinho de novo! E espero que os catalães saibam tirar foto melhor que os portugueses! hehehe
Deixando um pouco de lado a narração das aventuras, o foco deste post torna-se uma breve reflexão sobre um trecho de um livro que estou a ler desde que cheguei aqui. Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago. O trecho em questão é o seguinte:
"se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as consequencias dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois a imagináveis, nao chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vao-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já nao estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala"
Ora,ora. Trecho que combina demais com a loucura que tem sido minha vida nesse ano de 2009. Primeiramente, se eu tivesse feito o que diz o autor, jamais teria saído de Teresina para ir morar em São Luis. E tampouco sairia do Brasil para vir morar aqui. O fato é que as vezes precisamos muito mais de coragem do que planejamento, embora este não seja prescindível. Digo isso por que a minha vinda pra cá foi efetivada muito mais a base de coragem do que de planejamento e segurança. Até de doido me chamaram. Mas quanto a isso,tou acostumado, ja que me chamam assim há muito tempo. E como diz Saramago, as consequências das minhas atitudes (loucas ou não) vão se diluir pelos dias do futuro e aí espero que tudo tenha valido a pena
Depois dos passeios, da alegria e dos bons momentos, vem a calhar falar do real motivo que ate aqui me trouxe: o mestrado.
Antes de virmos pra cá, muito se falou: o mestrado é puxado, os professores são carrascos, isso e aquilo. Por enquanto não dá pra falar que professor é carrasco e que professor não é. A carga horaria de aulas é bem pequena: são 4 matérias, sendo 2 obrigatórias( no meu caso "Direitos Fundamentais" com o todo poderoso Canotilho e "Instituições do Poder Político) e 2 optativas (peguei Direito Civil-parte geral- e Processo Civil- processo declarativo, ou para nós, processo de conhecimento.) Cada matéria tem uma aula de 3horas por semana, totalizando 12 horas/semana. Tão reduzida carga é compensada pela ampla gama de bibliografias recomendadas. O começo, nao sei para os outros, mas para mim tem sido bastante difícil. Primeiramente pelo sotaque do professores. Há que se fazer um esforço mental muito grande para nao se perder nas sílabas fechadas e na rapidez da pronúncia. Superado esse obstáculo, encontra-se outro ainda mais complicado: o conteúdo. Resumindo: muitas vezes não entendo o que eles estao a dizer. E quando entendo o que dizem, nao entendo o que eles querem dizer. Vocês me entendem? Por muitas vezes me sinto completamente perdido. Sao tantas teorias, tantas leituras e noções(para eles básica) desconhecidas por mim até então. As avaliações a base de "Papers", que sao os nossos famosos seminários. Logo no começo eles ja dividem as datas e determinam que nós procuremos um tema dentro da disciplina. Sendo que ninguém sabe precisamente tudo que a disciplina engloba. Tipo "voce vai dar aula sobre um tema tal dia. Boa sorte na escolha do tema e na apresentação". Pronto, daí tu te vira pra achar um tema. E ai? Como é que faz? "Eu nao to entendendo nem sua aula,prof. Como vou dar uma?" É só um pouquinho desesperador. A impressão que eu tenho é que eu dei um passo fora do meu alcance. Que eu ainda tou mt cru pra fazer um mestrado. Que devia ter esperado mais um pouco. Mas vai dar certo. Só vai ser mais dificil do que eu pensava.
A proposito, amanhã vou assistir uma palestra de um constitucionalista alemão. chamado Gerhart Baum sobre "Os direitos fundamentais no contexto da integração européia. Vai ter tradução simultanea, mas acho que vou continuar sem entender muita coisa. hehehe Mas vou lá, né? é de graça mesmo!
Como já foi dito no post anterior, estive no Porto durante esses dois dias. Yuri e Arthur não puderam ir, então viajei sozinho mesmo. Viajar sozinho tem seus pontos desagradáveis, especialmente na hora de tirar fotos: os portugueses nunca conseguiam me enquadrar na paisagem e a foto saía pela metade. Mas tirando esse pequeno detalhe, foi de fato bastante proveitoso. Passei um dia inteiro rodando pelas ruas do Porto, conversando apenas com meus próprios pensamentos. È um lugar fantástico. Acho que o lugar mais bonito que estive. Por vezes eu me sentava em alguma praça e começava a observar as pessoas, as paisagens e tudo ao redor. E a única conclusão que eu chegava era de que eu estava tendo um privilégio muito grande de ter essa oportunidade. Tudo na Europa é histórico, é tradicional. A nossa história está intimamente relacionada à deles. Era como se eu fizesse a ligação entre tudo que ocorrera na história do Brasil. É como eu estar vendo a fonte de todas as decisões, a razão de todos os rumos que por eles nos foram dadas. Os monumentos aos Reis, as igrejas construídas com o nosso ouro, os prédios majestosos, etc. A Europa é cosmopolita. Aonde você vai, encontra cidadãos das mais variadas línguas e culturas. À minha frente um alemão, ao meu lado um casal de italianos, logo ali um Frances. Olha ali 02 japoneses! O fato é que nós sempre imaginamos um Mundo bem grande, com pessoas e culturas de todo o mundo. Mas imaginar é bastante diferente de ver. E quando me deparei com isso tive um choque muito grande, um baque na cabeça. É Difícil assimilar tudo isso, mesmo pra quem foi alfabetizado em boas escolas e tem noção da globalização através da TV e da internet. Mas repito, é talvez uma oportunidade única, e que por enquanto tem me emocionado bastante. Certos lugares me causaram arrepio pelo simples fato de eu estar pisando lá. A ficha ainda não caiu completamente. As pessoas sempre me perguntam o que estou a achar, ou qual foi a minha primeira impressão. E a resposta se resume a uma exclamação/indagação: “que que eu tô fazendo aqui!?!?!?” Obrigado papai e obrigado mamãe, por terem me preparado desde cedo para ter uma oportunidade como esta.
Dia 30 de setembro de 2009, Porto, Portugal. Em meio àquelas milhares de pessoas vindas de todo o mundo, havia um homem (que apesar dos 23 anos que tinha, estava a agir e a sorrir como um garoto que acabara de ganhar um vídeo game novo) em especial, que subia as escadas do belíssimo e iluminado Estádio do Dragão, rumo a porta 4, sector 5, fila 44, cadeira 26. Ao fundo, os gritos dos torcedores já presentes, bem como a música de abertura oficial da UEFA Champions League. O garoto olhava para os lados, extasiado. Parecia descrente, parecia não acreditar que estava ali. Estava sempre a achar que ia acordar no minuto posterior. Mas não estava dormindo, embora estivesse sonhando.
A bola rolou pontualmente às 19:45, e o Estádio inteiro gritava apoiando o Futebol Clube do Porto. O jogo não seria fácil, afinal se tratava da UEFA Champions League, e o time adversário contava com ninguém menos que Kun Aguero e Diego Forlán. O garoto filmava o estádio, os jogadores, e tirava fotos como se quisesse provar pra si mesmo que estava ali.
Apesar do apoio da torcida, o Atlético de Madrid trazia mais perigo. Principalmente quando Kun Aguero conduzia o balão. Um ingrediente que apimentava o jogo era a presença do português Simão Sabrosa como capitão do Atlético. Simão é rival antigo do Porto. Atuou durante 4 anos pelo Sporting e 6 pelo Benfica. Os dois maiores rivais do F.C. Porto. Sempre que pegava na bola a torcida carinhosamente entoava a seguinte canção: “Simão!Chupa!Tu és um filho da puta”. Claramente o garoto acompanhava o coro, até por que dos vários hinos entoados pela torcida, este era o único que ele conseguira entender.
Findou-se o primeiro tempo e nada de gols. A todo momento ele se perguntava se o jogo acabaria em 0 x 0. Temia um empate sem gols, mas logo lembrava que não importava o placar, posto que estes já tinham sido os melhores 40 euros que tinha gasto desde que chegara à Portugal.
Embora estivesse cheio, havia algumas cadeiras vagas no Estádio do Dragão. O personagem, durante o intervalo, havia descido para perto da lateral do campo com o propósito de tirar mais fotos. Chegando ali, viu os lugares sobrando. De lá não saiu mais. Bendita idéia. Foi ali que assistiu de camarote, a não mais que 15m de distancia, o aquecimento de Maxi Rodriguez e Reyes. Foi exatamente ali à sua frente, a não mais que 30m, que viu Falcão Garcia, aos 75 minutos de jogo, abrir o placar num gol (E QUE GOL!) de letra, depois de jogada do brasileiro Hulk. A essas alturas a voz já não lhe saía, por conta dos gritos e da fumaça dos milhões de cigarros acendidos à sua volta. Mas não importava. Nem a fumaça dos cigarros e nem o espanhol inconveniente ao seu lado (que torcia fielmente pelo Atlético) o incomodavam.
Desde o início da partida filmou todos os escanteios cobrados. Parecia que estava adivinhando que Rolando aproveitaria o rebote de uma cabeçada na trave, aos 82 min, e empurraria para o gol: 2 x 0. Filmou tudo e exibia o vídeo como se fosse um troféu.
Daí em diante, só festa. A torcida estava enlouquecida, não parava de gritar. Falcão Garcia foi aplaudido de pé pelo Estádio inteiro quando foi substituido. Simão Sabrosa foi vaiado de pé pelo Estádio inteiro quando foi substituido. E pra fechar com chave de ouro, o grito de “olé”.
Quando saiu de Coimbra naquela tarde, rumo à cidade do Porto,o garoto não imaginou que tudo seria tão perfeito: estádio cheio, jogo difícil, gol de letra e grito de olé. 40 euros? Pagaria 80, faria do almoço de 2,15 sua única refeição durante meses pra ver tudo de novo.
O garoto ainda não parou de sonhar. Dia 25 de novembro estará lá novamente pra mais um desafio: Porto x Chelsea.
